segunda-feira, 15 de maio de 2017

Agora vai! Será?


 
Antigamente era difícil achar uma loja com um jogo,
com prateleiras assim, só lá fora mesmo. Loja Game of Boards/RJ

2016 e esse primeiro semestre de 2017 estão se mostrando extremamente promissores para o nosso hobby, não fossem apenas os diversos lançamentos (as vezes simultâneos com a Europa e USA) matérias tem saído em várias mídias, espaços cada vez maiores em eventos, além do Diversão Offline que aparece com o primeiro evento praticamente exclusivo de jogos de tabuleiro e card-games.

Mas mesmo com essa movimentação toda de editoras, autores, público, estamos lidando bem com isso tudo? Mais que isso, estamos satisfeitos com essa avalanche ou ainda queremos mais (e melhor)?

Acho justo reclamar da qualidade de alguns lançamentos, mas
se você não acompanhou as primeiras tentativas aqui no Brasil, você não viu nada! 

A maioria dos amigos sabe que eu, acima de tudo, sou um entusiasta de tudo que cerca o nosso hobby aqui no Brasil. Quando eu cheguei, para se conseguir um Puerto Rico você era obrigado a ter um cartão internacional e saber o caminho das pedras para comprar o seu, hoje a Livraria Cultura tem um mega espaço, fora as diversas lojas especializadas e isso realmente trouxe muita gente nova aos jogos.

Iniciativa inclusivas, jogos fáceis para todos os tipos de jogadores (independente de idade e conhecimento prévio) tem enchido o catálogo das lojas especializadas, só que com isso, o nível de exigência do público também mudou.

As primeiras tentativas de lançamentos nacionais, eram com qualidade de componentes péssimos, escolhas de gráficas e materiais extremamente duvidosos, e quem trilhou essa primeira onda (lá pelos idos de 2005 a 2008) dificilmente sobreviveu para contar a história.

Poucas foram as versões que se salvaram, e algumas, como o Arte Moderna,
são hoje itens de colecionador, disputados em leilões.
 
Só que infelizmente, apesar de termos melhorado MUITO, ainda muita coisa precisa ser arrumada. O Brasil ainda não tem um parque gráfico especializado, o que faz com que tenhamos produtos bons, mas longe do padrão lá de fora, e algumas editoras já começam a produzir direto na China um produto criado, ilustrado e idealizado por brasileiros.

Outra coisa que o mercado está começando a perceber, é que dá pra lançar jogos bons, com preços acessíveis, e os consumidores estão começando a chiar de gente que traz jogos a preços absurdos, mas mesmo nesse cenário, tem gente que compra jogos sem questionar, o que não ajuda muito.

 RPG Quest é um dos casos de sucesso de financiamento, mais de R$ 170k arrecadados,
agora é esperar que ele seja entregue no prazo e com qualidade.

Financiamentos coletivos ainda são um bom caminho, mas o pessoal ainda insiste em fazer um "projeto" achando que vai conseguir colocar seu bloco na rua sem divulgação, sem aparecer nos eventos e sem um nome (seja do autor ou de uma editora parceira) para dar um suporte.

Se colocarmos na ponta do lápis, entre projetos financiados e entregues e projetos não fundados, temos um empate técnico, o que mostra que dá pra fazer, mas não dá pra pular etapas senão a coisa não funciona.

Fel Barros na convenção da CMoN desfrutando do sucesso
pelo lançamento do Gekido em terras estrangeiras.

E os autores brazucas? Esses, tenho a impressão que estão vivendo o seu melhor momento, temos Halaban sendo seguidamente citado com o sei Sheriff of Notingham, Macri e Fel com jogos saindo lá fora com relativo sucesso, e muita, mas muita gente mesmo, tirando (bons) projetos da gaveta e aparecendo para as editoras, que estão cada vez mais apostando dos caras.

Eu sempre tendo a ser otimista com o cenário dos jogos de tabuleiro no Brasil, essa não é a primeira vez que faço um raio-x do que está acontecendo (e não deve ser a última) e sempre acho que o "ano tal" finalmente vai ser o melhor ano, mas acho que dessa vez estamos bem próximos, já temos as editoras sérias, já temos o público (o que tá curtindo tudo e o que tá perturbando só porque sim), já temos os autores e as lojas, se conseguirmos ajustar a parte de produção, e claro, uns precinhos mais acessíveis, acho que dá pra entrarmos em definitivo na vida não só dos "hobbystas" como do público casual.

Hoje, temos lançamentos simultâneos com as editoras lá de fora,
como o Lisboa, que vai sair pela Mandala Jogos.

2 comentários:

Thiago disse...

Realmente o mercado cresceu, melhorou e a qualidade do preduzido aqui (tanto do ponto de vista de componente qnt em termos de gamedesign) estão bem similares ao produto gringo...

ainda temos q evoluir principalmente em questõe de pré e pos venda, além da valorização de um bom revidor profissional e na politica e reposição de erros/defeitos...

acredito q ainda vamos crescer e muito.

mas negar a evolução e aonde chegamos hoje é besteira!

òtimo texto Cacá!

Xedar disse...

Belo texto.
Fico triste também com alguns FC que saem por aqui sem pé nem cabeça, achando que vão rolar na grana.
"Tudo é pra agora", já diriam essas pessoas.
Mas também estou muito satisfeito e acho que esse ano, é O ano.