quarta-feira, 5 de março de 2025

TOP3 Carnaval

Hoje termina no Brasil mais um Carnaval, essa que é uma das festas mais conhecidas lá fora e que é uma das representações culturais mais brasileiras com diversas atrações país com suas peculiaridades em cada estado mas que apesar disso tudo foi pouquíssimas vezes contada no tabuleiro.

Desde que eu comecei no hobby alguns autores até tentaram passar para a mesa a sensação de estar no comando de uma escola de samba, lembro do Ziriguidum do amigo Leandro Pires que teve alguns protótipos mas não foi pra frente.


Ziriguidum tinha bastante potencial, pena que não vingou.

Mas ainda assim consegui (meio que dando uma roubada) três jogos que tem o tema samba e carnaval para homenagear esse que é uma das festas mais inclusivas do país, que leva todas as classes sociais a esquecerem um pouco da vida e brincarem nesses quatro dias.

A primeira citação é bem roubada, trata-se do Zombicide : Rio Z Janeiro, criado por uma galera brasileira que trabalha na CMON traz uma campanha de 10 cenários que começa exatamente durante o carnaval no Rio de Janeiro e tem personagens e localidades que são bem típicos dessa festa.

O segundo jogo já tem uma pegada bem mais consistente com o tema, em Roda de Samba do amigo Valter Bispo temos esses encontros de sambistas que são tão típicos do Rio de Janeiro, aqui vamos encontrar personagens que fazem parte da história do samba nacional.

O mais legal do Roda de Samba é que além de ser um jogo muito bacana tem uma pegada educacional muito interessante sendo o primeiro projeto que foi à financiamento coletivo onde você prioritariamente contribuía não para que o jogo chegasse para você, mas que fosse distribuído em escolas e centros culturais.


Roda de Samba : Um projeto maneiríssimo de um jogo super temático.

Mas precisou um canadense de alma brasileira para fazer o melhor jogo sobre o tema, Carnavalesco do amigo Ron Halliday traz para a mesa de forma lúdica as disputas na avenida, os jogadores vão correr atrás de dadinhos coloridos para assim montarem suas escolas de samba e serem a grande campeã dos desfiles.

Com mecânica de seleção de dados, arte super caprichada e jogabilidade excelente já disse e repito novamente, pra mim é um jogo com o mesmo feeling mas superior ao badalado Sagrada e talvez não tenha feito mais sucesso por ser jogo "brasileiro".

Essa foi minha listinha, fica ainda a citação ao amigo Fel Barros que apesar de ter batizado sua editora da Samba Estúdios ainda não lançou nenhum jogo com o tema, mas estamos aqui de olho para cobrar e quem sabe em breve teremos muitos mais jogos de um tema que dá samba.


Carnavalesco : O melhor jogo sobre o tema (até agora).

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Coleção PIQUINIM : Cobogó / Capivárias / Malabares


Outro dia vi no Instagram um joguinho de formar padrões que me interessou bem, o Cobogó da galera da Piquinim Jogos, aí entrei em contato com os cartas que me enviaram os três protótipos de jogos da primeira coleção deles que está rodando financiamento coletivo (já financiado) pela Meeple Starter.

Vou dar uma pincelada no que eu achei dos três para vocês também conhecerem mais um pouco desse projetinho de autores brazucas.


COBOGÓ (Grabriel Toschi) : Foi o que me chamou mais atenção, ele é um  jogo de criar padrões que são sorteados no início da partida e todo mundo colabora para realizar o que está sendo solicitado.

Regras bem simples, cada jogador tem duas cartinhas e na sua vez baixa uma ajudando a atender os objetivos do jogo, ou todos ganham ou todos perdem. Joguinho rapidinho e gostoso de jogar.


CAPIVÁRIAS (Pedro Cabelinho) : Esse é um jogo para dois jogadores com uma pegada tipo "cabo de guerra" onde vamos adicionando capivaras ao rio tentando manter as que valem mais pontos do nosso lado, só que quando entra uma capivara de valor mais alto vai empurrando as outras para fora do rio.

Outro de regras fáceis de aprender e fácil de jogar com toda família.


MALABARES (Arthur Lacerda) : O que eu achei mais "truncadinho" dos três, é um jogo que une draft e vaza mas com umas regras de "dia e noite" para os malabares que eu achei um pouco confusas mas que depois de aprendidas funcionam legal.

No final a coleção tem jogo pra todo mundo indo de um com pegada até mais solo (que é o Cobogó) passando pelo confronto direto até o de três jogadores e o legal que por serem jogos bem "piquinins" tem até como comprar a versão em PDF baratinho para imprimir em casa.

Vejam aqui a campanha e apoiem mais essa iniciativa de jogos nacionais. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Tiranos da Umbreterna 2ª Ed.


Na minha tentativa de jogar alguns joguinhos que foram sucesso e eu acabei deixando passar, tive finalmente a oportunidade (graças aos amigos da Alquimistas dos Jogos) de jogar o Tiranos da Umbreterna, um jogo de deck-building e controle de área que realmente eu não sei porque não tinha jogado antes.

Nele somos líderes de casas da raça drow (um tipo de elfo corrompido que habitam as cidades subterrâneas) que são sedentos por poder e para isso precisam ascender nas cidades da Umbreterna.

O jogo tem um tabuleiro central com as regiões a serem dominadas, algumas já começam com tropas neutras que serão subjugadas durante a partida, além de regiões mais importantes que também tem uma ficha que garante um bônus para quem dominar ela.


Deck-building classicão, baixa carta, faz ação, compra novas pra melhorar o deck.

Cada jogador recebe então um deck inicial de 10 cartas e seus exércitos e espiões que serão usados.

A rodada é super simples (assim como todo o jogo em geral), você tem 5 cartas para usar no seu turno e precisa baixá-las para realizar ações, nas cartas temos dois tipos básicos de recursos, a influência geralmente usada para comprar novas cartas e a força que como o nome já deixa escapar é usada para a parte da porradaria.

Como em todo bom jogo de controle de área o lance aqui é ter mais pecinhas que seus adversários nos espaços do tabuleiro, você consegue colocar novas tropas à partir do seu espaço inicial ocupando mais casas na região, indo pelas trilhas à procura de novas regiões ou usando seu espião para pegar espaços mais ao longe.


No tabuleiro, tentar o controle das regiões, principalmente as maiores que dão bônus.

As cartas iniciais ajudam um pouco, então você vai precisar de influência para comprar as cartas boladonas que ficam disponíveis durante a partida e aqui entra um charme do Tiranos da Umbreterna.

Em cada partida você vai escolher dois decks (dentre os seis disponíveis) para usar, embaralhando-os e abrindo cartas para serem compradas com a influência, cada um dos decks escolhidos vai ter cartinhas focadas em algum tipo de ação, nessa minha primeira partida usamos os Drows com cartas mais baratas em influência e os Dragões que tem cartas mais caras mas muito poderosas.


Conforme o jogo avança, a briga fica acirrada entre os jogadores.

E jogo se desenvolve nesse esquema de usar as cartas, colocar tropas e tentar tirar as dos coleguinhas, ganhar alguns pontinhos das regiões com fichas e melhorando seu deck com cartas que além de ajudar ainda vão te dar pontos ao final do jogo. 

Quando o deck geral de compras se esgota, a rodada vigente termina e o jogo acaba. Conta-se pontos dos territórios controlados (ganhando pontinhos extras se você estiver sozinho nele), cartas que estão no seu deck e cartas promovidas e aquele com a maior pontuação é o vencedor.

Tiranos de Umbreterna tem tudo que eu gosto nos jogos de tabuleiro, boas mecânicas, interação, beleza das artes o único problema dessa segunda edição é que eles optaram por fichas de papel ao invés das miniaturas, funciona da mesma forma e deixa o produto final mais barato, mas no final acaba sendo um jogaço que sai da minha "shame list". 


O mercado é sempre composto de dois decks dentre os 6 disponíveis no jogo.
 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Grasse 2ªed. : Primeiras Impressões


Grasse
foi lançando em 2018/19 — aqui a resenha da primeira edição — e considerado um dos grandes jogos nacionais ganhando vários prêmios Brasil à fora, os autores Bianca Melyna e Moisés Pacheco resolveram agora em 2025 trazer uma segunda edição com regras revisadas e novos elementos pra dar uma nova vida ao jogo.

Para quem ainda não ouviu falar do Grasse, nele os jogadores serão mestres na produção de perfumes correndo atrás das melhores fragrâncias para atender um público exigente.

O jogo tem um tabuleiro central que foi todo redesenhado para caberem as cartinhas além de usarem os prédios que vão entrando durante a partida de forma mais orgânica, mas pessoalmente achei que a separação entre os prédios ficou um pouco confusa.


O novo tabuleiro que tem espaço para as cartinhas que também foram reformuladas.

Nesse tabuleiro central é onde acontecem as ações principais do jogo, onde os jogadores levarão seus trabalhadores para fazer as ações base e também onde o coletor se move para conseguir as essências e as bases para possamos criar nossos perfumes.

A partida tem 4 rodadas e em cada dessas rodadas temos 4 turnos que são divididos em duas fases, na primeira vamos mandar os nossos trabalhadores aos prédios e depois então movemos o coletor.

Uma novidade é o trabalhador especializado, que consegue fazer a ação do prédio onde ele foi duas vezes dando uma chance de conseguir que seu turno fique melhor. 


Eu gosto da arte do tabuleiro, mas acho que precisam identificar melhor os prédios.

Todas as cartas (de técnica, de contrato e as de vanguarda/moda) também sofreram alterações melhorando a forma de pontuar ou dar melhorias para as suas jogadas.

Mas o coração dessa segunda edição não mudou muito em relação ao original, ainda temos a corridinha de produção dos perfumes para serem exibidos, para atenderem contratos ou para serem vendidos, isso tudo vai fazer com que você ao final da partida ganhe pontos que antes tinham colunas diferentes e agora são iguais em todas as categorias que serão avaliadas.

Grasse volta com tudo para ser aquele euro de entrada no mercado brazuca, ele pode ser apresentado de boa para jogadores casuais que estejam querendo começar a enveredar nos jogos mais pesadinhos sem ficarem muito assustados e entra agora em março em financiamento coletivo pela Meeple Starter.


Gostei bem dos prédios que vão entrando durante as rodadas ficarem mais integrados ao tabuleiro.
 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Ludoteca Básica : Saint Petersburg


Como falei pra vocês recentemente, temos revisitado grandes clássicos e vendo que uns envelheceram bem e outros nem tanto, aqui um caso de um que continua sendo um dos grandes jogos modernos e que ainda brilha na mesa, o Saint Petersburg.

Lançado originalmente em 2004 com uma arte bisonha de feia, ele é um jogo onde temos um tabuleiro central onde ficarão disponíveis cartas para serem compradas pelos jogadores que assim farão sets para ganhar dinheiro e pontos.

O jogo tem 4 fases distintas onde na primeira compraremos trabalhadores que ao final da fase dão dinheiro aos jogadores, depois temos a fase das construções que na maioria das vezes rendem pontos, passamos então para a fase dos nobres que dão pontos e grana e finalmente para a carta de trocas que serão upgrades dessas três outras fases.


A primeira versão dele tinha uma arte muito tosca, então te ganhava pela qualidade do jogo.

A grande sacada do Saint Petersburg é que o jogo é muito apertado de grana e você precisa dela o tempo todo para comprar as cartas para sua mesa, o máximo que dá para postergar é deixar alguma cartinha (até três) na sua mão, mas caso você não consiga compra-las até o final da partida elas vão te tirar muitos pontos.

No jogo base não temos muita coisa de prédios especiais nem nada, é tudo muito simples e então é uma questão mesmo de tentar se planejar da melhor forma pois trabalhadores iguais vão dar descontos assim como prédios, upgrades você só vai pagar a diferença então é bom pensar qual o melhor manter ou deixar passar.

Assim que um dos quatro decks termina o jogo acaba e vamos receber (muitos) pontos pela quantidade de nobres diferentes que temos baixado e perderemos pontos pelas cartas que estão na nossa mão e assim quem tiver a maior pontuação é o vencedor.

 
Os nobres mais lindos do pedaço. Foto BGG.

Saint Petersburg é daqueles jogos com regras absurdamente simples mas que tem curvas de aprendizado, você termina uma partida já querendo jogar a próxima para tentar fazer alguma coisa diferente e pontuar mais.

Em 2014 saiu uma versão com arte BEEEEM melhor e incorporando as expansões que tinham sido lançadas previamente e que adicionam cartinhas que você pode usar para fazer alguma ação e descartar além da presença de mais nobres com algum poderzinho e a adição do quinto jogador.

Uma pena que esse jogo nunca chegou por aqui no Brasil, ele foi um dos primeiros que eu conheci pós-Catan/Carcassonne e se você ficou curioso com ele pode tentar a versão digital lá no Board Game Arena.


A coisa melhorou muito de figura na edição de 2014.
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Superstore 3000


Lançado com toda pompa esse mês com direito a Premiere da Galápagos, o Superstore 3000 do amigo Rodrigo Rego.

Nesse jogo somos administradores de mega shoppings fazendo de tudo para conseguir chamar a maior quantidade de público para nosso empreendimento e para isso construiremos as lojas que o público pede e com alguma estratégia pegar as atrações que farão nosso shopping se destacar dentre os demais.

Cada jogador vai começar com uma entrada e três clientes, uma "régua" para ajudar a visualizar rapidamente quantos andares tem seu shopping e também um dinheirinho inicial para comprar as lojas.


Os clientes chegam na porta do shopping antes mesmo das lojas chegarem!

São separadas 6 atrações para a partida, elas ficam disponíveis para todos os jogadores, mas você só consegue colocá-las no seu empreendimento assim que cumpre determinados pré-requisitos.

As rodadas são super simples, na sua vez você pode construir alguma coisa no seu shopping ou pode pegar dinheiro do banco.

Para construir você pode pegar alguma loja disponível no mercado, sendo que algumas podem até sair de graça ou então caso já tenha conseguido cumprir os requisitos pegar alguma das atrações especiais que dão bons pontos ao final da partida.


O mercado central conta com várias lojas básicas.

As construções básicas são divididas em 3 tipos diferentes que são laser, alimentação e vestuário e além delas você tem novas entradas que trazem mais clientes para o seu shopping.

A sacada aqui é atender esses clientes sempre, para isso você precisa colocar as entradas e as lojas que eles estão procurando a uma distância que eles consigam alcançar para então ter os clientes felizes.

Quando a pilha de lojas acabar então o jogo vai para o seu final, ganham-se pontos por conjuntos de lojas iguais adjacentes, pelas atrações que você conseguir colocar no seu shopping além de uma pontuação para quem conseguir atender mais clientes e então o maior pontuador é vencedor.

Superstore 3000 é um daqueles jogos de entrada que funciona bem com todos os públicos, desde os iniciantes aos mais experientes, tem uma duração bem boa e também veio com uma produção super bacana, muito legal ver o Rodrigo conseguindo lançar tantos jogos, o cara é uma máquina!


Se você atender determinados requisitos, coloca atrações boladonas no seu shopping.
 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Darwin's Journey

Em Darwin's Journey somos pesquisadores que seguindo os passos do grande Darwin percorrem as ilhas Galápagos catalogando a fauna e a flora local deixando suas pesquisas disponíveis para as gerações futuras.

Com um (lindo) tabuleiro central temos as áreas de livros (que são onde alocaremos nossos trabalhadores), a área de correspondência (para ganharmos pontinhos enviando nossos estudos), o museu (onde apresentaremos as espécies que fomos descobrindo) e claro o mapa das ilhas Galápagos.

Cada jogador recebe também um tabuleiro com o espaço para quatro trabalhadores, os selos que vamos usar nas correspondências e também espaços para os objetivos que vamos conquistando em nossa jornada.


A sacada maneiríssima dos selos dos trabalhadores.

O jogo terá cinco rodadas, em cada uma delas vamos mandando nossos trabalhadores para os livros de ações para que possamos realizá-las e é aí que mora uma das sacadas mais legais do Darwin's Journey.

Cada trabalhador seu começa com um selo dentre as cinco cores disponíveis no jogo, o lance é o que as ações dependem da combinação correta de você ter a cor para ação onde quer ir, seria simples se as ações tivessem um selo só, mas ações melhores precisam de mais selos em combinações de cores.


Nos livros você leva os trabalhadores para fazerem as ações descritas.

Você vai conseguindo esses selos e colocando na linha de cada trabalhador durante a partida, claro que o jogo não ia deixar a situação ficar tão feia assim pro jogador, existem os selos coringa e selos temporários, mas você precisa prestar atenção e ficar ligado em conseguir as combinações até para cumprir objetivos, achei essa sacada genial.

Mas o jogo tem muito mais coisas bacanas, as ações que você vai destravando, os objetivos, o lance de ir andando pelas ilhas descobrindo os espécimes e que vão te dando conhecimento e dinheiro (que é importante e escasso), tudo isso com apenas 4 trabalhadores por rodada, você até pode desbloquear um quinto trabalhador, mas pra isso precisa cumprir um objetivo e ainda gastar uma grana.


Você vai visitar as ilhas Galápagos, mas cuidado pra não ficar muito atrás do HMS Beagle.

Ainda rola uma corridinha bacana na fase de recompensas, onde temos o navio HMS Beagle que é o marcador das rodadas, mas os nossos barcos não podem ficar muito atrás dele pois as recompensas são boas e você perde pontos caso esteja muito atrás.

Então temos muitas coisas a serem observadas até o final da quinta rodada onde vamos pontuar o nosso conhecimento somando com outros pontos que destravamos pelo caminho até definir que é o vencedor.

Darwin's Journey é um euro bem maneiro, tem umas sacadas de mecânicas muito inteligentes e diria até diferentes do que estamos acostumados e uma duração bastante boa para esse tipo de jogo mais cabeçudo, realmente uma boa aquisição na coleção (e forte candidato a melhor do ano).


Conforme vai descobrindo as espécies você vai acumular conhecimento.